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Sobre eles: Clarice Lispector

Há tempos queria iniciar esse novo momento no blog e, agora em 2014 sei que terei tempo (ou pelo menos acho que terei).
Ainda não faço ideia de como serão essas postagens, se serão semanais, quinzenais ou mensais - em breve faremos um post de caráter informativo sobre como serão as postagens desse ano, toda a programação direitinho (exceto sobre livros porque somos pré-vestibulandas e eu iniciei meu técnico esse ano. Calma gafanhoto).

Para começar, fiquei incitada a falar sobre a Rowling que, se você leu dos primeiros posts até aqui, sabe que tenho uma relação de grande amor com a escritora que preencheu a minha infância de fantasia e me carregou para o mundo da leitura. Porém, usando o meu lado mais racional, percebi que falar da Clarice Lispector seria uma maneira muito mais "wow" de iniciar. Então, vamos começar a discorrer sobre a vida dessa grande mulher!




Nascida em Chechelnyk, 10 de dezembro de 1920, falecida no Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977; Clarice fora uma jornalista e escritora que nascera na Ucrânia e fora naturalizada brasileira. Quanto à sua brasilidade, Clarice declarava-se pernambucana.
O seu estilo literário era ímpar. Com livros marcados por singularidades e inovações linguísticas, a escritora encabeça a lista dos que mais incorporaram traços inéditos à literatura nacional.
A ficção clariceana se concentra nas regiões mais profundas do inconsciente, ficando em segundo plano o meio externo, pois quase tudo se resume à mente das próprias personagens. Portanto, Lispector é o principal nome de uma tendência intimista em nossa literatura. O ser, o estar no mundo, o intimismo formavam o eixo principal de questionamentos tecidos em seus romances introspectivos. Não centra sua obra no social, no romance engajado, mas sim no indivíduo e suas mais íntimas aflições, reproduzindo pensamentos das personagens.
Artifício largamente utilizado por James Joyce, Proust e, sobretudo, Virgínia Woolf, o fluxo da consciência marca indelevelmente a literatura de Clarice. Tal aspecto consiste em explorar a temática psicológica de modo tão profundo que o assunto nunca é completamente explorado, ou seja, as diversas possibilidades de análise psicológicas e a complexividade da temática contribuem para a inesgotabilidade do assunto. O fluxo da consciência indefine as fronteiras entre a voz do narrador e a das personagens, de modo que reminiscências, desejos, falas e ações se misturam na narrativa num jorro desarticulado, descontínuo que tem essa desordem representada por uma estrutura sintática caótica. Assim, o pensamento simplesmente flui livremente, pois as personagens não pensam de maneira ordenada, mas sim de maneira conturbada e desconexa. Portanto, é a espontaneidade da representação do pensamento das personagens que caracteriza o caos de tal marca literária.
O monólogo interior é outro artifício utilizado por Clarice que contribui para a construção da atmosfera introspectiva. Essa técnica consiste em reproduzir o pensamento da personagem que se dirige a si mesmo, ou seja, é como se o “eu” falasse pra si próprio. Registra-se, portanto, o mergulho no mundo interior da personagem que revela suas próprias emoções, devaneios, impressões, dúvidas, enfim, sua verdade interior diante do contexto que lhe é posto.
Clarice Lispector fora considerada por críticos literários, a pioneira no emprego da epifania na prosa brasileira. “No sentido literário, a "epifania" é um momento privilegiado de revelação, quando acontece um evento ou incidente que "ilumina" a vida da personagem.” Assim, pode-se dizer que nos textos de Lispector, o objetivo maior é o momento da epifania: por meio de uma espécie de revelação (o que se dá por meio de um fato inusitado), a personagem descobre que vive num mundo absurdo, causando um desequilíbrio interior que, por sua vez, provocará uma mudança radical na vida da personagem.
É também peculiaridade da autora a construção de frases inconclusas e outros desvios da sintaxe convencional, além da criação de alguns neologismos. Clarice não adota o padrão da gramática normativa, pois tem na valorização da expressividade do texto a regra primordial de sua literatura. Assim, as frases não são feitas com o rigor gramatical e coerente, mas sim com o primor e o viço da expressão artística.
Uma de suas obras que mostram bastante sobre essa sua forma reflexiva e esses momentos de epifania é o livro "A paixão segundo GH". A personagem não tem nome. Um certo dia, quando ela demite sua empregada, ela entra no quarto que pertencia a mesma e então encontra uma barata; GH decide matá-la e então prova seu sabor pois quer saber qual seria, então, o sabor da vida. A partir desse momento dá-se a sua iluminação na vida - à nível de informação, epifania significa momento em que determinada pessoa tem uma luz, um momento de clareza que muda tudo em sua maneira de ver o mundo. 

(Vídeo do canal da Tati Feltrin - Tiny Little Things)

Sobre as obras de Clarice é sempre bom analisar também o momento literário que além de englobar suas maravilhosas obras, englobaram autores que marcam deveras a literatura até os dias atuais. Esse movimento literário fora o Pós Modernismo ou, como é chamado no geral, Geração de 45. Consistia basicamente em uma quebra de toda aquela bagunça que os Modernistas fizeram em toda a arte - eram eles: Oswald de Andrade, Vinícius de Moraes e Ariano Suassana. Ainda era algo acessível, mas não tanto como o Modernismo era; a literatura pegara uma área um tanto mais intimista e, em grande parte (para não dizer todos) dos autores, o uso do neologismo fora bem grande (Neologismo: criação de novas palavras e/ou expressões). 
Não vou discorrer tanto sobre esses dois movimentos mas, se vocês quiserem, é só pedirem aqui que farei com o maior prazer ou, em breve, postarei por livre e espontânea vontade porque adoro literatura. 
Espero que o post tenha sido de serventia para todos; algumas das informações utilizadas aqui foram fonte do blog - que não é mais atualizado - Estética Literária.

Bom, é isso.
Um beijo para todos que leram até aqui e até a próxima. 

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