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Então, que tal acamparmos n'O Cemitério de Praga?

Depois de um bom tempo sem aparecer aqui, o meu retorno tinha de ser triunfal. Venho então falar sobre um livro que foi praticamente um divisor de águas na minha vida. De certo modo, queria falar dele de maneira mais profunda, mas, nada me fará conseguir expressar algo minimamente próximo à magnitude desse livro.
Ele foi lido no ano passado. E, por ser tão denso, custou-me um bom mês para conseguir digeri-lo. É de uma riqueza no vocabulário... Os personagens... Bom, é incrível esse livro e é um daqueles que você não pode morrer sem ler. A minha história com ele é... digamos que "estranha". Não sabia nada dele (como pode-se observar, eu sempre compro livros por puro impulso e acabo me surpreendendo muito com eles e espero que isso continue assim!!), comprei-o por ter a capa enigmática e a história não me decepcionou em nada. Pelo contrário: me deixou felicíssima.

Uma nota: Quando comprei o livro não achei muita coisa sobre ele na internet. O que é uma pena. Espero que já tenham mais resenhas sobre ele por aí, porque sim!, o livro é incrível.

Então, vamos falar sobre O Cemitério de Praga. (Gravei um vídeo sobre ele, talvez, depois, poste-o aqui).


A trama não é totalmente inventada. Grande parte (deveria dizer todos?) realmente existiram na história. Simone Simonini é o único que é de fato inexistente. E, o mais curioso é o fato dele ser o protagonista. E, isso não é spoiler pois já fica evidente logo na contra capa do livro...

Temos então, na estória: Simonini, Freud, Taxil, Ippolito Nievo, Garibaldi; entre outras figuras imensamente importantes.

A história é ambientada em meio àquela grande loucura de complôs, e o ódio dos judeus. E, claro, Simonini é um falsificador de documentos que, logicamente, ajuda em toda essa construção dos complôs. Acontece que, algumas vezes aconteciam causos "curiosos" com Simonini. Bom, ele dormia no dia 7, acordava dia 10. Mas, espere, como isso acontecia?! Simonini, por conta disso, resolve escrever uma espécie de diário, e aí está a grande graça e o trunfo da narrativa: são três pessoas que narram, de certa forma. Dalla Piccola, Simonini e, alguém que está lendo o diário. Bom, não lembro se é esclarecido, mas, parece-me que não há a revelação de quem é o tal leitor intruso.
E, então, quem é Dalla Piccola? O alter ego. Oras!
A história então é explicada. Naquela troca entre Dalla Piccola contando o que lhe aconteceu nos dias em que o Simonini dormia, e vice-versa.
(Espero não ter mandado nenhum spoiler).
Eles conhecem a satânica Diana que, também, tem alter ego. Ora é beata, e até castiga-se por louvar à Satã. Ora é satânica e participa de rituais completamente escusos. (Não indico esse livro para beatas e/ou pessoas que não gostam de ler coisas relacionadas ao satanismo). Você vê o quanto Simonini é autossuficiente. Ele despreza as mulheres, e, quando tem uma relação com uma determinada senhorita, sente-se mal e, quando acontece algo com uma pessoa extremamente ligada a ele, ele só fica mal porque sabe que aquilo pode vir a lhe acontecer. Em suma: ele é desprovido de sentimentos (será que eu posso falar isso?).
O final me deixou desesperada.
Alerta Spoiler : Que final inquietante! Como assim Simonini já está cansado de tudo, vai implantar uma bomba e simplesmente diz que não está caduco e não há nada falando sobre o que lhe aconteceu? Ele conseguiu pôr a bomba lá para incriminar os judeus e fazer "autêntica" a sua carta-complô? 

(Caso não tenha se interessado pelo livro, já tenha o lido ou quiser receber o spoiler, seleciona da área vermelha até quase nessa observação).

Sobre a edição: A diagramação é ótima. Tem algumas figuras. Letra em tamanho ótimo. Espaçamento ótimo. A capa é linda. No final do livro tem um esquema organizando os acontecimentos pois ficou realmente bagunçado na leitura, por motivos de: não era "cronologicamente" narrado (então você não se perde se der uma olhadinha no final do livro. Mas só consulte quando terminar, pra não receber um spoiler ou algo assim.). Em suma, a Editora Record fez um ótimo trabalho.

Sobre o autor: Umberto Eco nasceu na Alexandria em 1932. Professor de semiótica, é reconhecido como um dos mais importantes escritores e pensadores vivos. Ele tem uma ótima escrita, densa e cheia de informações e, em breve, pretendo ler mais coisas dele.

Nota da leitora: É um livro incrível que pretendo reler sempre que achar brechas. Como disse no início do texto: é impossível falar algo que chegue próximo a magnitude do livro.

Nota para acampar: Seis estrelinhas (será que eu posso dar mais?).

Evellin Oliveira.



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