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Sobre o conceito de cultura.

Olá galera.
Bom, sei que o tema não é o proposto pelo blog mas, de certa forma, inclui. Estamos vivendo uma era em que há frequentemente postagens declarando que determinadas obras (literárias e etc) são tão carentes de cultura e blá blá blá. Eu não tenho vergonha de admitir que já falei muitas vezes isso e, com o passar do tempo, comecei a repensar as coisas que falava com tanta veemência.
Em primeiro lugar nós temos que ter em mente que cultura não é apenas algo singular; ela se enquadra no plural por pura e simplesmente, pertencer a todos os lugares, agradar a vários gostos e tudo mais. Cultura não é apenas aquilo que você ouve, aprecia visualmente, lê ou qualquer que seja. Cultura é algo que enriquece de alguma forma todo um conjunto de coisas ou pessoas. Algumas pessoas tratam cultura como apenas aquilo ali, acham que outras coisas que não sejam aquele determinado ponto *A* não merecem status de respeito ou sei lá. O problema é que para outra pessoa, o ponto *A* não é nada perto do ponto *B* que é seu ponto de apreciação; o que quero dizer com tudo isso é que: o que é agradável para você, pode não ser para João ou José, mas isso não significa que o que João ou José gostam é menos culto do que o que você gosta.

Temos visto muito frequentemente o preconceito absurdo contra funk e todo e qualquer gênero musical que não se encaixe nos parâmetros que a maioria das pessoas não ouvem. Vou tentar aqui passar com minhas palavras algo que li no Blog Literatortura num post sobre uma música de funk que era completamente oposta a tudo o que "pensamos" sobre esse gênero.
No post o autor quis dizer que quando a gente declara que aquilo ali é menos maravilhoso que o que gostamos é pura e simplesmente pelo fato de que comparamos com algo que é de outro gênero. Não comparamos Harry Potter com Memórias Póstumas de Brás Cubas porque sabemos que não pertencem ao mesmo gênero literário, correto? Assim como fiz no meu post sobre Morte Súbita e como tantas pessoas também o fizeram não comparando essa obra à Harry Potter; então, por que diabos continuamos comparando MC Catra aos The Beatles? Por que ainda tentamos comparar coisas que são completamente diferentes a coisas que não tem nenhuma ligação? Por pura "modinha" ou vontade de parecermos intelectuais demais?
Falar mal do funk, tecnobrega é hiper fácil quando pomos em comparação ao rock e todas as músicas que nos são agradáveis (não quero dizer que a população mundial inteira ouve rock, estou falando por mim e claro, acho que vocês entenderam à que ponto quero chegar). Sei também que funkeiros comparam o seu adorado funk ao rock, mas também, espero que tenham em mente que isso é puramente inviável.

Tudo o que quis passar com esse post foi que: existe muito preconceito literário, muito preconceito no geral que se baseia em coisas que não tem nada a ver com o que está sendo posto no ridículo e "ruim".
O conceito de cultura de algumas pessoas é um e o de outro determinado grupo é outro.
Não é apenas uma cultura predominante no mundo. Na Bahia tem-se toda uma cultura subdividida em outras tantas que, ainda assim, se subdividem e por aí vai. A cultura é algo plural. Nela cabe toda e qualquer coisa.
Alguns comem carne crua, outros preferem a carne bem passada ou até "mal passada", mas isso não quer dizer que o grupo *A* esteja errado, tampouco os grupos *B* e *C*.

Por fim, digo-lhes algo que tem sido o meu norte desde que topei com uma determinada professora que me disse isso no ginásio: "Nunca faça com alguém aquilo que não queres que te façam". Se você não aguenta a crítica ao seu determinado gosto, não critique e, acima de tudo: antes de julgar algo ou compará-lo, entenda-o, saiba em que contexto sociocultural ele está inserido, em que contexto histórico (dependendo da obra), saibam o nível intelectual daquele artista (partindo da premissa de que escritores, músicos e etc também são artistas). Entendam tudo e o comparem com algo que esteja n'um nível igual ou "superior" mas ainda assim, dentro dos parâmetros que possam te fazer ter um ponto bem definido e pontos de vistas diferentes para que se baseie a sua teoria de que funk é ruim, e rock é o melhor do mundo, ou que literatura clássica é incrível e literatura fantástica é um lixo.

Quem concordar e quiser comentar, estejam bem vindos. Quem discordar e quiser comentar, também estejam bem vindos.
Um grande beijos para todos vocês!

Um comentário:

  1. Perfeito! Sua crítica está perfeita. Concordo totalmente contigo. Não gosto de perder meu tempo discutindo o que é bom ou melhor. Vai de geração pra geração. A geração Z vai se achar sempre melhor do que a geração Y pela cultura, por tudo o que viveu e etc, e isso é totalmente relativo. Mas, quanto ao funk, creio que dentro do gênero, há o que é bom ou ruim. Um exemplo banal seria o Gaiola das popozudas do Marcelo Adnet em comparação ao funk do "Ah, lelek, lek lek lek lek...". Um professor de história, amigo meu, disse pra mim que pergunta para os alunos porque eles escutam funk, e eles dizem que é por diversão. É, enfim, talvez seja uma cultura de diversão da nova geração e isso não significa que quando essa geração estiver com os seus 20, 25, não irá escutar Zeca Baleiro ou qualquer outra música de MPB.

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